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Gonçalo Van Zeller

(Português -  Lisboa, 1963)

“Caminho não de lábios mas de sombras
sobre a raiz do lápis sobre o pulso
caminho ou não
no círculo
dos passos
e esta é a frase do caminho
ou a lucidez do braço”

António Ramos Rosa


O objectivo de um artista, segundo Vasari, era cumprir dois tipos de composição (componimenti): um arranjo visual de formas (componimenti d’arte), e uma história inventiva (componimenti d’istorie). Em ambos os casos, estarão presentes os ingredientes da invenzione, ou o modo como o intelecto concebe o arranjo visual das formas, e o disegno, a capacidade prática do artista manifestar a invenzione no arranjo visual.
Citar Vasari em 2022 poderá surgir como uma espécie de curiosidade académica, alertas que estamos a toda uma liberdade contemporânea na criação das formas, temas, estratégias de comunicação e circulação das imagens. Mas independentemente da disciplina em questão, e até da circunstância, queremos acreditar que Vasari ainda tem, ou sempre terá, razão quando fala do desenho como o “pai” das artes (hoje mais atomizadas que no século XVI, sem dúvida, mas onde o cerne se mantém). Para mais, face à prática e abordagem de Gonçalo van Zeller, sentimos uma admiração particular para com um saber oficinal antigo e bem ancorado na tradição ocidental fundada no Renascimento, e que nos permite ver na sua prática aquela de um verdadeiro polimata.
Os desenhos que nos oferta nesta lavra inédita foram criados num desejo de estreitarmos os laços da comunidade local a que pertencemos. Nós e o artista. A Tinta nos Nervos, sendo uma livraria-galeria aberta a títulos e artistas internacionais, vive na Madragoa, um dos bairros populares mais característicos da cidade de Lisboa. Gonçalo van Zeller tem o seu atelier no mesmo bairro. Estes desenhos são fruto de uma pesquisa, périplo, investigação mas também transformação (invenzione) das ruas, moradias, habitantes da Madragoa. E ao serem recombinados enquanto série, os desenhos dispostos tanto funcionam como história, ainda que aberta à leitura individual de cada visitante e observador, como peças inconjuntas, não menos capazes de convidar a uma entrada particular.
Nos últimos anos, um pouco por todo o mundo, a ideia de “portas fechadas” tornou-se algo expectável e significativo. Nós próprios tivemos de o fazer. Estamos num momento de retorno. Estas portas, com invenzione, estarão para sempre abertas

Obras originais para venda.

Veja o CV da artista aqui.

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Gonçalo Van Zeller

(Portuguese -  Lisbon, 1963)

“Path, not of lips but shadows
over the root of the pencil over the wrist
whether path or not
in the circle
of steps
and such is the phrasing of the path
or the lucidity of the arm”

António Ramos Rosa


The goal of artist, according to Vasari, was to accomplish two modes of composition (componimenti): the visual arrangement of forms (componimenti d’arte), and an inventive story (componimenti d’istorie). In both cases two components are present: that of the invenzione, or the way the intellect conceives the visual arrangement of forms, and the disegno, the practical fashion after which the artist manifests their invenzione in that same visual arrangement
To quote Vasari in 2022 may seem a sort of academia curio. After all, are we not aware of the outstanding freedom today of the creation of forms, themes, communication strategies, image circulation and whatnot? However, regardless of the disciplinary speciality at stake, or even the circumstance at hand, we want to believe that Vasari is still right, or will always be right, when he speaks of drawing as the “father” of the arts (undoubtedly more atomized today than in the 16th century). Moreover, as we face the practice and approach of Gonçalo van Zeller to art-making, we sense a very specific admiration towards a venerable, ancient Western tradition founded in the Renaissance, and which allow us to regard his output as that of a true polymath.
The drawings that Gonçalo van Zeller purposefully and specifically created for Às portas da Madragoa (translatable both as “At the” and “To the doors of Madragoa”) were created as a response to the desire of reinforcing the bonds with the local community to which we both belong, that is, Tinta nos Nervos itself and the artist. Although Tinta is a bookstore and gallery attentively open to international works and artists, we exist in Madragoa, one of the most folksy, traditional bairros of Lisbon. And van Zeller’s studio is also in these streets. These drawings are then the result of a research, a jaunt, a questioning but also a transformation (invenzione) of the streets, the houses, the people of Madragoa.
As the drawings are reshuffled as a series, they function as a story, even though as opened as they can be to each individual onlooker. But they are also singular, self-reliant, and not less inviting to interpretation.
In the last few years, “to close doors” has gained a specific meaning. We ourselves had to it, twice. Now is a time of return and reinvigoration. These doors, through their own invenzione, will always be open.

Original works for sale

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